quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Espectros e Anjos


Espectros e Anjos


Há dias em que o arrebol
Desvanecendo-se do rubro deleitoso
Deixa-se tragar por uma noite de breu impenetrável
A sombra sorrateira desliza lentamente
E entra sem pedir licença

Liberto todos os espectros tristes
De um tártaro latente em mim
Aos pares carrancudos dançam impiedosos
Sobre o véu de melancolia que me cobre
Sob leitura de lábios mórbidos
Rogo que se rasgue e deixe a brisa entrar

Nesses dias
A poesia que brota fere e abre feridas
Entrego-me ao poeta que sou e entorpeço meus desejos
Sangro minh’alma em rimas doridas
Bebo as lágrimas e lavo os versos vorazes que me dou

Há dias em que a aurora
Dissipando a névoa gélido-rasteira
Faz cair o carrasco pálio da escuridão que oprime
A luz revigorante irrompe fugazmente
Entra sem pedir licença e impõe-se acalorada

Liberto todos os anjos felizes
De um paraíso latente em mim
Em estado de graça cantam e dançam faustos
Sobre os gritos de evoés de minha alegria
Sob embriaguez deleitosa que torna meus sentidos incautos
Rogo que as cortinas dos meus olhos não arriem

Nesses dias
A poesia que brota jorra qual água de olheiros límpidos
Entrego-me ao poeta que sou e devaneio em êxtases oníricos
Minh’alma esvai-se em rimas anestesia
Bebo os néctares de etéreas fantasias

Anjos guardem meus segredos*
Anjos levem meus desejos*   
     
                                                 (*Entre nós dois – Banda Malta)


Texto: By Amalri Nascimento
Imagens: Web
Manipulação de imagens: By Amalri Nascimento

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