sábado, 29 de setembro de 2012

Vazio de mim



Vazio de mim

A esmo
Ermo de sentimentos
Feito anjo expulso do paraíso
Sem pecado cometido caído e condenado
A vagar por labirintos e abismos
Vagueio pelo deserto
Dos meus dias
Imerso na letargia que me obsedia...

Intentando transpor riscos levadiços
Tropeço sobre abissos
Em horas infindas mergulham os dias
E perco-me em singularidades
Onde o tempo e espaço se confundem

Não mais existo
Sou o grito que se perdeu no eco
A luz que viaja o cosmo
Transluzindo mundos diáfanos
Mergulhados em vácuos infinitos

Sou a inspiração esvaída
Concebida para se perder
Na frouxidão de palavras contidas
À deriva nas pontas dos dedos
Errantes métricas e rimas traídas e retraídas...

Sou o verso contrito
O verbo mudo
Fóton nulo na sombria sombra
Poética algemada enclaustra em muros

Hoje estou vazio de mim
De corpo e alma dispersos
Sou livro aberto de páginas em branco
Pura solidão pairada adejando ao vento
Lacuna sem preenchimento
Folha caindo em lento

Sou as laudas de um caderno virgem
Sequioso das gotas do carmim
- minhas paralelas convergem a um fim -
Apenas a sorver as lágrimas
Que brotam de mim
Caem sobre mim
Para se perderem em mim...












Imagens: Web

* Se alguma imagem publicada aqui detiver direitos autorais, deixe um comentário solicitando inclusão dos créditos ou a imediata retirada da imagem que, prontamente, atenderei.

 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Esse amor que não morre

Foto: Web


Esse amor que não morre

Arranquei meu coração e o coloquei
Numa bandeja de prata.
Esperei que ele parasse de bater
Para depois escrever n’uma lápide
De pedra escura com letras arcaicas:
Aqui jaz um amor!
Inerte, fiquei por longo tempo,
Não consegui nada escrever,
O coração continuou a bater,
E eu, ainda, amo você!

* Poesia selecionada no I Concurso Carioca de Poesia ABRACI/2006.
* Transcrito para uma lápide, por uma esposa que perdera o marido, na cidade de Parnamirim/RN, tornou-se, portanto, um EPITÁFIO.


 
"Epitáfio do Rei Uzias"
Foto: Web
Obs.: Se alguma foto publicada aqui detiver direitos autorais, deixe um comentário solicitando inclusão dos créditos ou a imediata retirada da imagem que, prontamente, atenderei.


sábado, 22 de setembro de 2012

Sozinho



Fotos da declamação do poema

 

Sozinho


Fechando-me a segredos
De combinações infindas
A luz que descortinava as íris aos clarões do dia
Foi-se para se perder nos abissos
Mais recônditos de minh’alma querente

Sem deixar resquícios de réstias
Por mais tênues que alimentassem
Um lampejo de esperança
Prostrou-me a tatos doridos
Nessa solidão insana que lancina...

E mesmo que insista
São mudos os ecos
Da aldrava fundida em sentimentos
Do tempo perdido

O que fazer
Senão sangrar os dedos em agudas farpas
Ao esmurrar a crueza da madeira
De portas que se fecham

Sozinho e sob espreita de olhares hediondos
De gárgulas que vomitam torrentes
A pele nua sucumbe
Aos calafrios do relento que oprime a carne
Enquanto as entranhas reviram-se e ardem
Às chamas de suplícios e desejos...

1. 2º lugar no V Concurso de Poesias da Casa do Marinheiro-2012 - Rio de Janeio

 (Prêmio Suboficial João Roberto Sobral)

 

2. Finalista dentre os 20 melhores textos no V Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro
APPERJ-2012 - (Prêmio Francisco Igreja)


Foto com poetas finalistas, alguns apperjianos, membros do júri, irmãs de Frnacisco Igreja e afins.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Que palavras dizer?

Edição fotográfica ( http://www.photofunia.com/ ): Amalri Nascimento


Que palavras dizer?

Encarar-te
É arriscar mergulhar
No espelho d’água
Dos teus olhos
Para perder-me
Emudecido
Sem palavras

 

Poesia, de Amalri Nascimento,
 publicada no Livro de Ouro da Poesia Brasileira - Outubro de 2012 - CBJE.


Cíclico

Foto: Helena F. de Lima (clicada em Santiago, Chile)

 

Cíclico


Anoiteço sereno
E qual neblina rasteira
Deposito-me orvalho
Para sob o penetrar lânguido
De réstias mornas
Sublimar-me gasosa e lentamente
Às nuvens que me chorarão
Na forma de chuva
Fina e fria
Lavando-me a alma
Desperta em novo dia


Poesia, de Amalri Nascimento,
publica na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos-Vol. 93-CBJE.