sábado, 30 de novembro de 2013

Poemas Premiados no "II Concurso Literário Erotismo em Rijas Asas"

"As foto-manipulações digitais surreais de mulheres sensuais de Kassandra Elka Vizerskaya"


Organização do Acadêmico Oliveira Caruso
II Concurso Literário EROTISMO EM RIJAS ASAS

Meus dois poemas premiados:


Gozando versos
(Medalha de Prata)

Com dedos ávidos
exploro relevos nus
a procura de oásis deleitosos

Intumescendo mamilos e falo!

A cada crista
surfo dunas de perfeitas curvas
Qual crina aos ventos
ejaculo sentimentos

Válvulas e poros exalando lascívia na frouxidão de orgasmos!

Sentindo na pele
o açoite de uivantes ventos
deslizo suave o deserto ventre

Bocas afoitas sorvem néctares quentes...

Aflorando prazeres contidos
d’alma ardente
em frêmitos espasmos assomo meus delírios

Sem medo libertam-se os espíritos

e na languidez
de olhares cruzados
colho todos os versos no gozo derramados



 


CENÁRIO
(Menção Honrosa)

Encontro marcado
Ansiedade...
Espera...
A hora que não chega
Coração excitado...

O encontro!
Sentidos aguçados
Desejo aflorado
Tu, rosto enrubescido!
Eu, sexo intumescido!

Escadas
Balaustrada
Passos apressados
Abraços, afagos, beijos roubados
O capacho, a porta, o molho
As chaves que não acho

O tapete da sala
A cortina filtrando a luz
O lustre apagado
A penumbra que seduz...

A maçaneta
A porta do quarto
A cama
Lençóis arrancados
Roupas jogadas
Torsos nus!

Poros afrouxados
Sussurros, gemidos...
Clímax
Gozo!!!

Nós dois
Corpos suados
A janela aberta
A noite caindo
A lua dos enamorados

O abajur, o portarretratos
O teto, o cigarro
Mãos afoitas
Teu cabelo despenteado
Dedos entrelaçados

A vitrola
A agulha virgem, o vinil...
O sono embalado
Sonhos...
Sorriso nos lábios!
Ah!
APAIXONADOS!!!

sábado, 2 de novembro de 2013

NOITE

Imagens: WEB
NOITE

Celeste abóbada
sob véu noturno
pálio a estender-se por sendas de estrelas
tecedura de poeira cósmica
onde germinam-se sonhos...
Dossel aberto qual manto enegrecido
donde cintilam fúlgidos incrustes
a revelarem-se fugidios...
Em tácita timidez
incrustados desde o dia
não vistos até que chegue a noite
Policromo de brilhos e cores
séquito duma lua majestosa
Névoa rastejante
penetrando frestas
envolvendo corações e mentes...
Gélido cobertor
nas solidões de quartos
Suspiros serenos
Sussurros incontidos
Delírios afoitos
soltura de palavras inconscientes
soadas nos açoites de ventos
permeados na escuridão
Bocas semiabertas em diacronia
com olhos que se cerram
e  se entregam modorrentos
Sono ritmado
às batidas dum coração
descompassado que dorme...
Em sobressaltos sonha...




domingo, 27 de outubro de 2013

Aplacando a dor



Aplacando a dor

Vez por outra somos tomados de assalto por sentimentos que acabam por nos levar às lágrimas. Eu mesmo, de quando em quando, entrego a alma ao bálsamo que lava e alivia o peito. Foi assim que nasceu, tempos atrás, o poema:

Fuga
(Manhã de 24NOV2007)

Precisa sair
Fugir, libertar-se...
Encontrar caminho
 E vai...
Deixa um rastro sutil
Um leve sabor de sal
Esvai-se
Evapora-se
Alivia
Escorre pela face
A lágrima anestesia...


            A angústia, espécie de ansiedade intensa que faz doer até a carne, em momentos de sofrimentos súbitos, também pode ser aplacada, mesmo que em tempo lento, se permitirmos a esse líquido precioso sublimar as essências emanadas do nosso âmago.
            Dor, aflição, agonia, sofrimento; não importa o nome atribuído ao sentimento, tudo se esvai e se transforma com o passar do tempo. Ah, o tempo, sempre se encarrega de tudo. No lugar das coisas ruins, lembranças boas proporcionam novas razões... Lavar a face pode significar renovação, reconstrução da paz de espírito. Nalgum desses momentos passados, mais uma vez meditando sobre um, não inesperado, posto que seja fato natural na ordem da existência, a morte, única certeza que podemos ter da vida, concebi outro poema:

Passagem
(02JUN2011 - Para RONI DIAS, após o desencarne da sua mãe)

Nascer, viver, morrer.
Curso natural difícil de aceitar

Sob as pontes da existência
Passam águas calmas
Passam águas céleres
Águas turvas e águas claras
Águas diferentes, sempre!
Têm rumo certo
O incerto mar da vida!

Sobre as pontes da existência
Nem sempre atento
Navegar intento
Perco-me!
Ebulição de pensamentos
Palavras que se jogam ao vento...
Ás vezes erro, outras, acerto!

Ciclo...
Passagem...
Desencarne!

Dor que invade
Dilacera a carne
Passageira...
Não tem pressa
Mas passa
Lentamente...
Dolência insana!
Mas passa
Carência que se esvai
Nos frouxos olhos derramando águas...

Lágrimas!
Águas saudosas...
Lavam e aplacam a alma
Lembranças tantas!
Turbilhões, peito adentro...
Lembranças que acalentam
Alimentam a vida que segue seu rumo
Certo ou incerto
Mas segue...

"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei."
(Allan Kardec)

            Ainda, mais recentemente pude perceber e, afinal, entender que não devemos erguer comportas para reter lágrimas. Outro dia acordei pura e simplesmente com vontade de chorar. Mas de onde vinha essa necessidade eu, até hoje, não sei. Todavia, descobri não ser essencial decifrar as origens. Liberte e se deixe libertar... Depois de um dia inteiro taciturno e macambúzio, noite adentro sucumbindo a interrogações para as quais não obtinha respostas, descuidei-me um pouco do orgulho e chorei. Pranteei até que rolassem lágrimas. Liberei a angústia em gotas que afligiam a alma... E com elas e através delas aplaquei a dor que nascera não sei de onde. Aliás, não interessa mais saber. Lágrimas são lágrimas. Sublime secreção aquosa essencial à vida.
Escrito em 16JUN2011.



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Academia de Letras de Teófilo Otoni - ALTO


O poeta potiguar AMALRI NASCIMENTO (José Amalri do Nascimento), natural da cidade de Brejinho/RN, radicado no Rio de Janeiro, foi diplomado Membro Correspondente da ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI - ALTO

Por indicação do Comendador e Acadêmico Paulo de Oliveira Caruso, Amalri Nascimento foi eleito pela unanimidade dos votos dos membros do Conselho Consultivo e passou a integrar o corpo acadêmico daquela digna Instituição Literária de Minas Gerais.

Não podendo comparecer à Solenidade de Posse, conforme prevê o parágrafo único do artigo 17 do Regimento Interno daquela Entidade, o poeta foi empossado por ato solene da Presidente, Senhora AMENAIDE BANDEIRA RODRIGUES, em 10 de agosto de 2013, e seu Diploma de Membro Correspondente, foi remetido através dos Correios.

“Com a palavra criaram-se e destruíram-se mundos, selaram-se destinos, elaboraram-se ideologias, proferiram-se maldições e blasfêmias, expressaram-se ódios, mas também com ela – e só com ela –, em tantos e tão desvairados povos, falou-se de amor, consolaram-se aflitos e elevaram-se preces ao seu Deus. Ela tem sido, através dos tempos, a mensageira do bem e do mal, da alegria e da dor...”

CELSO FERREIRA DA CUNHA (1917 – 1989)
Patrono da Cultura do Município de Teófilo Otoni/MG
Lei 5.522, de  27/12/2005 e Patrono Oficio da Academia de Teófilo Otoni




sexta-feira, 26 de julho de 2013

PRÊMIO LUSO-BRASILEIRO MELHORES CONTISTAS 2013









Ao lado do ator Maurício Mattar, Mestre de Cerimônia,
e da Presidente da LITERARTE, Izabelle Valladaares.

A mulher que sonhava em cortar os cabelos
(Conto selecionado ao Prêmio Luso-brasileiro Melhores Contistas 2013)
                                                                                                                                                    
            Tudo aconteceu num diminuto aglomerado de casas encravadas numa porção de terra árida dos sertões nordestinos; o nome do lugar esvaiu-se da memória; o estado, também me é duvidoso, conjeturo entre dois ou três, mas, certezas mesmo, não me são precisas. Deixemos, então, de lado os pormenores; atenhamo-nos às personagens forjadas nessa seara de tradições ligadas à rica religiosidade de um povo simples; na fé e nas crenças populares e no machismo do homem rude que, embora numa época e região de onde não se tinha muito que prover, não abria mão do título de provedor da família. Levemos em conta que eram tempos difíceis, e motivos para acreditar em promessas e simpatias encontravam terreno fértil nesse “mundo de meu Deus”, onde o sol batia forte na moleira e cacunda da gente sofrida.
“Padim Padi Ciço”, Antônio Conselheiro e Lampião eram personalidades afamadas, fossem pela representatividade de força religiosa, carisma de líderes espirituais ou reputação de cangaceiro sanguinolento. A verdade é que em qualquer das vertentes, arregimentavam-se seguidores, defensores e ferrenhos opositores.
            O acima exposto serve apenas de ambientação do cenário aonde veio ao mundo Maria Clarissa, nascida prematuramente aos sete meses de gestação.
Na madrugada em que, sem aviso prévio, Clarissinha, ou, simplesmente, Sinha, resolveu não esperar que se completassem os nove meses, era noite de lua cheia. Nasceria, de ímpeto, naquela fase lunar, entre contrações repentinas.
O silêncio noturnal acompanhava-se de certo ar fantasmagórico, entrecortado, de quando em quando, pelo som rouco de rasga-mortalhas e por regougares de raposas à espreita de galinheiros; tais ecos somaram-se, de repente, aos gritos de dor de uma parturiente despreparada a dar à luz a filha esperada somente para dali a oito semanas.
A parteira mais próxima distava duas léguas. Quando esta chegou, buscada às pressas pelo pai, montados em lombos de mulas, o bebezinho já se debatia e choramingava nos braços da mãe. Era tão pixototinha, a ponto da roliça senhora não disfarçar o espanto e, utilizando-se da experiência ao longo dos anos de profissão e com um ceticismo visível no olhar, peculiar ao que a situação remetia, recomendar que se apreçassem em batizá-la para que não morresse pagã. Ao passo em que fazia tais advertências, sem utilizar-se de meias palavras, apressava-se ao recolhimento dos restos do parto e assepsia do delgado corpinho da criancinha.
Foi nesse momento que a menininha, pouco maior que a palma da mão do pai, fora entregue, sob promessa, às graças de Stª Clara, primeira Franciscana e fundadora da segunda Ordem Franciscana, a das Clarissas. Dessa intervenção veio o nome escolhido.
Num ato de amor à pequenina, imbuindo-se de muita fé na santa de devoção, a mãe prometeu, se sobrevivesse, sua filhinha jamais teria os cabelos cortados.
Correu à boca miúda pelas redondezas, que o rebento se deu avexadamente pelo fato de sua mãe não ter realizado o desejo de comer rapadura com carne de caça.
Passado o susto e seguidas as recomendações para um bom resguardo, especial atenção foi dispensada a alimentação da lactante; nos primeiros dias, canjas e escaldados de capão, frangos caipiras cevados pra esse fim, faziam-na lamber os beiços. Dizem não haver melhor alimento que revigore mulher parida.
Maria Clarissa, aos poucos, ganhou peso e cresceu saudável fazendo da sua mãe, cada vez mais devota, muito grata a Deus e a Santa Clara, renovando, a cada aniversário, a promessa feita.
O tempo passou, a menina tornou-se uma linda moça e ficou conhecida em todo o sertão como a “Menina de Stª Clara” e, mais tarde, a “Moça dos cabelos de trança”. Os fios se alongaram tanto, que pra facilitar-lhe a vida, mantinha-os em tranças enrodilhadas à cintura. Só não ganhou o apelido de “Rapunzel dos Sertões” porquanto o conto de fadas, dos Irmãos Grimm, não chegara àquelas terras. Às vezes, fazia das tranças, uma acolchoada rodilha a proteger-lhe a cabeça enquanto equilibrava na moleira as latas d’água que buscava diariamente na cacimba.
Com o curso natural da vida, Sinha se casou e teve filhos. Tempos depois seus pais faleceram, mas a promessa manteve-se de pé, embora, às vezes, a incomodasse; havia dias em que acordava com a cabeleira totalmente desgrenhada, pra desembaraçá-la, horas eram despendidas.  
            Anos mais tarde a família mudou-se pra pequena cidade da qual seu povoado era distrito, em lá chegando, a vontade de ter os cabelos cortados só aumentava, mas como quebrar a promessa? Não incorreria em pecado? Uma vez feita pela sobrevivência, não seria punida com a morte?
            Certa ocasião, um caixeiro viajante, amigo do seu marido, de passagem pela cidade, hospedara-se em sua casa, deixando cair em suas mãos, trazida das andanças pelos maiores centros, uma revista de moda, dessas com fotos de mulheres de cabelos bem penteados, estopim pra que sua vontade mudasse pra desejo ardente, um sonho a ser realizado, a ponto de externar em palavras como queria o corte; ouvindo do marido, pra sua frustração, a expressão proferida em tom autoritário: – muié minha num corta cabelo, inda mai de promessa feita, pra isso acuntecer, só pu cima do meu cadávi.
            Afoita ao desejo de se livrar do mafuá de fios e tranças, resolveu apelar à própria Stª Clara, se necessário, pagaria outra promessa, mas que lhe revelasse um sinal, através do qual pudesse se livrar da promessa de nunca cortar os cabelos sem consequências danosas a sua vida e fé.
            Passados poucos dias, o marido de Maria Clarissa sofre um acidente, atingido, na fronte, por violento coice de jegue empacado, veio a falecer. Enquanto se “bebia o morto”, compareceram ao velório parentes e amigos vindos de todo o sertão. A pergunta que não calava era: onde está Maria Clarissa, por que não a vemos ao lado do caixão?
            Somente após o sepultamento Clarissa reaparece ostentando novo visual, enquanto velavam o corpo, viajara pra cidade vizinha, onde havia um salão de beleza para, enfim, cortar os cabelos.









quinta-feira, 9 de maio de 2013

SINAL DE CHUVA



SINAL DE CHUVA

As primeiras notícias de chuva
Enlevam-me a terras distantes
E nesse êxtase envolto sinto as solas dos pés
Pisar o solo natal que se enfeita de natureza

Ao pé do mourão o umbigo brota
Aprofundando as raízes que se alimentam
Do cheiro da terra molhada
Sob a rega que se faz do orvalho serenado

As preces a São José
Enfim atendidas
Semeiam esperanças novas
E o chão rachado bebe os primeiros pingos

A poeira calmamente se assenta
A vaca magra num esforço pela vida se levanta
E no vento que acaricia mais suave
Ecoa o pio d’uma rolinha afoita

O mandacaru esbanja majestade em flor
E seu verde não é mais solitário
N’algum galho de jurema da caatinga que se verdeja
Um ninho começa a ser trançado





Texto e fotos: by AMALRI NASCIMENTO

*Ninho de uma rolinha citadina, 
construído nos arbusto de um pé de ficus, 
na minha varanda.